Hoje, (dia 10 de Outubro), meu Pai estaria completando ano!
Estaria....se estivesse aqui, entre nós! Mas, infelizmente, ele já partiu!
Partiu deixando muita saudade, muita falta!
Mas também, deixou muitos exemplos. Deixou muitos ensinamentos, muitas coisas.
Entre tantas coisas boas que ele me deixou, posso dizer que foi um dos maiores e melhores presentes que ele poderia ter me dado, foi justamente me levar para conhecer Alcoólicos Anônimos.
Lembro-me direitinho como tudo aconteceu. Lembro-me cada detalhe daquele 18 de Setembro de 1995. Lembro-me perfeitamente de suas palavras alegres e entusiasmadas, quando eu decidi fazer parte da Irmandade e ele, como meu padrinho, entregou-me uma ficha amarela, representando meu ingresso na Irmandade.
Meu Pai, que também havia tido sérios problemas com bebidas alcoólicas, estava fazendo sua recuperação em A.A. e compartilhou comigo a Dádiva da recuperação. Ele, que tinha sido a primeira pessoa que me apresentou as bebidas alcoólicas quando eu ainda era criança, também foi o primeiro que me apresentou este lugar onde ainda hoje eu continuo frequentando, compartilhando minha recuperação com àqueles que necessitam.
Este final de semana eu estive participando de um Encontro maravilhoso da Irmandade de Alcoólicos Anônimos, que aconteceu na cidade de São Mateus, no Estado do Maranhão. Tive a oportunidade de reencontrar companheiros(as) que há muito não via. Tive também a alegria de coordenar os trabalhos ali realizados e, durante todo o vento, eu estava ali na mesa coordenadora, me lembrando que hoje seria o aniversário do meu Pai, mas ele não estava ali para ganhar o presente dele, que seria me ver ali coordenando aquele Evento. Sem dúvidas, seria um dos melhores presentes que ele poderia receber, pois foram incontáveis as vezes que ele pediu a DEUS para que eu me saísse daquela vida em que vivia. Entretanto, mesmo ele não estando ali presente, sentado nas cadeiras, mas ele estava ali presente espiritualmente, pois senti a mesma energia, a mesma alegria, o mesmo entusiasmo que ele me passava, quando estávamos juntos nas salas e nos Eventos da Irmandade.
Infelizmente não posso dizer aqui que meu Pai teve a felicidade de falecer, sem ter voltado a fazer uso de bebidas alcoólicas. Ele recaiu e não mais voltou. Se bem que foram muitas as tentativas, mas todas sem êxito. Ele havia descoberto que estava com uma doença incurável (aliás, outra doença incurável, pois alcoolismo também é uma doença incurável, né?), então, entregou-se completamente às bebidas, tentanto antecipar mais ainda sua ida sem volta.
Nesta época, eu já fazia parte de A.A., mas minha vida de adicção ativa ainda trazia as consequências e, dentre elas, era justamente o meu afastamento da família, por motivos alheios a minha vontade. Eu não podia estar junto deles, pois havia seríssimos problemas que me impediam. Por isso, não tive a oportunidade de ver meu Pai em seus últimos dias de vida. Eu sofro mais ainda quando me lembro disso. Fico sem querer me perdoar, pois eu deveria ter ido lá, mesmo que acontecesse as piores das hipóteses. Porém, eu não fui. Aceitei os pedidos dele e de minha família toda de que eu não deveria ir lá. Sempre nos falávamos por telefone. Conversávamos bastante. Lembro-me da última vez que nos falamos por telefone. (me emociono).
...
...Já faz alguns instantes que iniciei este Post, mas me emocionei bastante, ao ponto de ter que parar um pouco.
Não vou mais prolongar este assunto, pois sei que minhas palavras andam longe de conseguir expressar todo o meu carinho, a minha saudade e o meu amor por meu Pai. Sei que minhas palavras andam longe de conseguir expressar meus lamentos por não ter ido vê-lo, em seus últimos instantes.
Mas também sei que agora não vai adiantar mais nada, pois não posso voltar atrás. Sei também que isso só vai aumentar ainda mais a minha depressão e o meu sentimento de culpa. E isso não vai ser legal pra mim.
Eu prefiro ficar aqui me lembrando das coisas boas que ele me deu e me proporcionou.
A cada abordagem que eu faço à um adicto, eu me lembro daquela abordagem que ele me fez. Aliás, daquelas abordagens que ele me fez, pois não foi da primeira vez que ele me convidou à ir em A.A. que eu aceitei. Eu precisei sofrer muito para poder aceitar. Eu precisei apanhar bastante para poder admitir que realmente eu precisava permanecer sem fazer uso de substâncias.
Na real, na real, eu nem fui pro A.A. para parar de beber! Eu fui no A.A. pra conseguir uma garrafa de bebida. Sim, pra conseguir de meu Pai uma garrafa de bebida, pois ele havia me dito que se eu fosse pra reunião, ele me daria. Essa história eu já comentei detalhadamente num outro Post - 18 de Setembro.
Hoje, anos depois daquele meu primeiro dia na reunião, eu continuo voltando e fazendo as coisas que ele me ensinou a fazer dentro da Irmandade. Quando eu ingressei, ele me levava cedo para as reuniões, para que eu ajudasse ele na limpeza da sala. Naquela época, podia-se fumar dentro de lugares fechados e nas salas de A.A. não era diferente. (se bem que ainda hoje algumas salas há espaço para fumantes). Então, ele me levava e mandava eu limpar os cinzeiros e passar um pano nas cadeiras, enquanto que ele varria a sala e arrumava a mesa. O café, um dia ele fazia e no outro era eu.
Em seguida, ele me apadrinhou nos demais Serviços da Irmandade. Ainda hoje estou como Servidor e com muita GRATIDÃO.
Agora eu vou retornar às minhas atividades diárias. Vou no escritório onde trabalho e vou conseguir um tempinho para ir visitar minha amiga que está querendo internar-se, devido ao uso prejudicial de drogas. Também vou aproveitar para passar nos centros de recuperação que faço parte da equipe técnica, para rever meus amigos e amigas que estão ali, se recuperando. Só estou com três dias sem vê-los, mas é como se estivesse com um mês. Eu sinto necessidade de estar ali, junto deles, compartilhando cada momento de sua recuperação. Gosto de ver cada sorriso de alegria. Gosto de escutar suas partilhas. Gosto de dar atenção à quem está totalmente desamparado da família e da sociedade. Percebo que têm muitos que estão ali conosco, que a família nem vai fazer uma visita. Nem ao menos se quer dá um telefonema, procurando saber como estão. E eles sentem isso. Eles sentem falta dessa assistência familiar. Recentemente, uma de minhas internas disse que estava querendo sair de lá, pelo fato da família não ligar pra dizer, pelo menos, como estava a sua filhinha, que estava muito doente quando ela havia sido internada no centro de recuperação. A família ficou cuidando da criança, prometeu que repassaria as informações para a Instituição, mas até agora, nada!
Eu sei que existem casos e mais casos, e que nem sempre concordamos com todas as informações que as familias repassam para os internos das Comunidades Terapêuticas. Realmente existem informações que não devem serem repassadas, como se fosse o caso, por exemplo, de um agravo da saúde desta criança, pois não iria adiantar de nada, até porque a mãe está também doente e também em estado grave de saúde, se tratando num local onde já não é de fácil convivência, ainda mais com informações que possam desmotivá-la a permanecer conosco e motivá-las a sair, não para ajudar a filhas, mas para usar drogas, com justificativa de que a filha tá doente.
Mas eu já mandei ir atrás e verifiquei que, Graças Ao PODER SUPERIOR, a criança está bem.
Bom...agora eu devo ir. Vou procurar compartilhar com meu próximo, aquela mesma Dádiva que meu Pai compartilhou comigo. Estou mesmo precisando de ver um sorriso de Gratidão. Estou mesmo precisando ver um brilho nos olhos. Estou mesmo precisando escutar....mas também estou precisando falar....e lá eu sei que posso falar, que eles me entendem. Então, eu vou lá! Vou primeiro no meu trabalho, mas vou arrumar um tempo de ir lá, agora na hora do almoço.
Quero deixar aqui um forte abraço à cada um de vocês e meus votos de uma excelente semana.
Finalizo com umas palavras que deixei escrita hoje na foto de meu Pai, que tenho no meu orkut.
Abração e TAMUJUNTU.
Acordei hoje numa deprê enorme. Tô aqui numa situação de isolamento, fujindo das pessoas, para não magoá-las diante do meu baixo astral.
Hoje seria um dia onde, constumeiramente, eu te dizia: "Parabéns, Painho! Feliz Aniversário!"
Queria muito poder escutar sua voz! Queria muito!
Infelizmente tenho que me conformar com sua ausência. Mas sinto tanta saudade, sinto tanto a sua falta, que lembro do Sr todos os instantes, fazendo com que eu sinta o Sr pertinho de mim...aliás, o Sr está e sempre estará dentro de mim,,,,,no meu coração.
Te amo, Painho...
Saudades!
Amigo, irmãozinho!!
ResponderExcluirSeu pai vive, vive dentro de você, nas células do seu corpo, nas suas memórias e no seu coração!
Você é um pedacinho dele, a continuidade dele...você é herança de seu pai... Você é um pouco dele.
E onde ele estiver, ele sorri nesse momento, pelo filho que ele tem, pela semente que ele deixou, pelo homem que você se tornou.
Tamo junto irmão, seu post me emocionou muito, e se você chorou ao escreve-lo eu chorei ao le-lo, saudade é um dos sentimentos mais dificeis de se lidar. Mas como você me disse... passa...
Tamo junto sempre, obrigada por tudo!!!!
Pôw, Gaby!
ResponderExcluirValeu, amiga!
Suas palavras me reforçam muito.
Valeu mesmo!
TAMUJUNTU.
Amigo, quase nada posso dizer depois de td que a Gabyzinha disse, concordo com ela, hoje ele está em um plano mais sutil, porém, com toda certeza muito orgulhoso de ti, assim como foi especial para você o dia que ele o levou no N.A, para ele tb deve ter sido, ele fez o que um pai pode fazer de melhor pelo seu filho, ele se ensinou o caminho da tua salvação...
ResponderExcluirTamujuntu amigo, sempre!!!!
sem palavras... a saudade dói demais, mas Deus consola nossos corações e vai passando e ficando as lembranças boas :D
ResponderExcluirTamojunto amigoo
Grande abraço
aaiii... chorei né;;
ResponderExcluirperdi meu pai por causa de alcool e drogas tb... e é triste ver alguém que amamos se matar assim né ?
Valeu, Giulli!
ResponderExcluirTAMUJUNTU, amiga!
Valeu, Jé!
Abração e TAMUJUNTU.
Adri...sabemos como é triste conviver com essa realidade, né? realmente é triste!
Abraços, amiga.
TAMUJUNTU.
Estou aqui no seu blog pela primeira vez e tomei a liberdade de seguir você agora fico na esperança de um retorno seu.
ResponderExcluirFiquei sem palavras diante da sua postagem ler sobre o amor e a saudade que sente de seu pai.
Querido eu perdi meu pai em circunstancias muito dolosa e semelhante.
Meu pai que nunca havia sido alcoólico depois de descobrir que era portador da doença de chagas .
e passou por uma grande cirurgia perdendo assim grande parte do intestino.
Nunca mais foi o mesmo sem poder trabalhar pouco mais tarde veio descobrir que a doença estava no coração.Com um tratamento sem fim começou a beber vivendo praticante embriagado.
depois de algum tempo ele esta com C.A.passou por várias quimioterapias.
No final da vida o coração dele estava grande demais pela doença de chagas já não conseguia tomar nem água.
devido o C.A.
Foi triste demais todo sofrimento que presenciei
gostaria de ter na lembrança só os momentos felizes .
A vida pertence a Deus e assim foi embora parte da minha vida.
Querido Amigo entendo muito bem sua dor.
Um abraço.
Evanir
Minha querida Evanir!
ResponderExcluirMeus sentimentos de pesar pelo seu querido Pai.
Nossa dor em comum é "diminuida" quando encontramos alguém com quem compartilhá-la. Fico agradecido por suas palavras e acredito que iremos trocar partilhar por um longo tempo, já que estamos começando aqui uma longa e duradoura amizade.
Tê-la aqui no meu blog é muito gratificante e confesso que suas palavras deixam-me mais confortado.
Muito obrigado, mesmo!
Abração e TAMUJUNTU.
Meu querido,tenho certeza de que de onde ele estiver, deve estar muito orgulhoso de você.
ResponderExcluirNão fique triste, a vida é só um estágio e a morte só uma viagem.
TAMUJUNTO.
Valeu, amiga!
ResponderExcluirTAMUJUNTU.