Sejam Bem Vindos!

Quero agradecer, carinhosamente, pela sua visita e espero que possamos continuar partilhando experiências, as quais considero-as importantes para manutenção de minha recuperação.
Sua partilha (comentários) aqui nos Posts, bem como seguir-me quando julgares conveniente, é importante para que possamos estreitar ainda mais a nossa amizade, algo que é fundamental para um crescimento em nível de ser humano...ainda mais quando se trata de um adicto em recuperação, como eu.
Por isso, mais uma vez, muito obrigado por sua presença!
Que bom que você veio! Que bom que você me visitou!
Melhor ainda será ler seus comentários e ver-te aqui, sempre que possível, ajudando-me dia-a-dia.
Que O PODER SUPERIOR continue te concedendo o direito de reconhecer, aceitar e realizar a Vontade DELE, em todas as suas épocas e lugares, para que só assim, possas continuar desfrutando destas Dádivas de renovados dias Limpos, Serenos e repletos de Saúde e Paz!
Abraços e TAMUJUNTU.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

UMA NOVA MANEIRA DE VIVER.

Olá, Pessoal!
Desejo encontrar-lhes desfrutando de saúde e paz.
Posso dizer que estou bem, pois estou “limpo”, só por hoje  e  isso já é motivo o suficiente  para que eu  esteja  bem.
Sem postar a alguns dias, recebi alguns telefonemas perguntando o que havia acontecido para que eu não estivesse escrevendo. Quero tranquilizar meus amigos(as) que se preocupam comigo de que está tudo bem e não tive fazendo postagens  por motivos alheios a minha vontade.
Mas agora estou aqui novamente para compartilhar fé, forças e esperanças, para que meu dia seja produtivo e alegre e, principalmente, sem uso de drogas.
Estou, neste momento, na comunidade terapêutica... quer dizer, numa espécie de “comunidade terapêutica”, pois  apenas assemelha-se ou, no máximo, tenta ser uma. (Digo isso pelo fato da falta de estrutura, tanto material, quanto pessoal, apesar da grande boa vontade  e  dos  responsáveis pela casa).
Estou aqui fazendo atividades com os 36 internos que temos. Uma parte deles está ali, cuidando do terreno em enorme que a casa dispõe. Estão limpando, varrendo, apanhando as folhas, enquanto que outro grupo está cuidando das plantas, pois eles levam parte da produção para a feira que acontece todos os sábados aqui na cidade. Outro grupo está trabalhando na produção de pré-moldados, pois conseguimos trazer essa atividade para a casa recentemente e uns deles estão muito empolgado com a nova terapia.
Também temos outro grupo que está produzindo trabalhos artesanais, como canetas decoradas com linha, trabalhos com palitos de picolé (barcos, casas, abajur, porta joias, porta retratos, etc).
A beira de um açude, pequeno grupo se aglomera, atirando ração para peixes e pescando por esporte, devolvendo os peixes fisgados ao pequeno açude na propriedade da casa.
Há também uns que estão limpando as coisas na cozinha, enquanto que outros já providenciam o almoço.
As atividades matinais já estão próximas de se encerrarem e alguns esperam pelo almoço, deitados nas redes espalhadas pelo espaço do pátio.

Eu aqui, sentado, ao lado de um grupinho de quatro jovens, que conversam entre si, sobre casamento. Uns deles se relacionam com as meninas internas na unidade feminina e estão fazendo planos de se casarem. O assunto os deixa motivados para uma nova vida, novos compromissos, novas metas e objetivos.
Cá em meus pensamentos, observo como eles levam diferente sua rotina na casa.
Pouquíssimo deles, pra não dizer nenhum destes que aqui estão, tinham o hábito de ajudarem nas atividades de casa, quanto ainda moravam com suas famílias.
Aqui, após fortes chicotadas do submundo, eles se dispõem, voluntariamente, a fazerem coisas que relutaram anos e anos para não fazerem.
É o caso de um que observo daqui de onde estou sentado. Ele mesmo conta em suas partilhas que nunca havia segurado uma vassoura, durante todo o tempo em que se dá conta de vida. Viveu conjugalmente durante mais de uma década, mas nunca ajudou nas atividades domésticas. E ainda chegava reclamando em casa quando as coisas não estavam como ele queria.
Aqui na casa, junto aos demais, ele leva uma rotina totalmente diferente. Ele é um dos que são da equipe de limpeza. Ele é responsável pela limpeza tanto do pátio, quanto da caixa de gordura. Faz isso duas vezes por dia, todos os dias, de segunda a segunda, faça sol ou faça chuva.
Conversando com ele ainda há pouco, o escutei dizer que sabia das consequências que as drogas poderiam trazer-lhe. Ele sorriu e disse: “Aquela vida que eu tinha eu sabia que eu poderia ir parar numa cadeia, como de fato fui. Eu sabia que podia ir parar num hospital, como de fato fui. Eu sabia que podia sair de casa, perder família, como de fato aconteceu. Eu sabia que podia morrer, como quase aconteceu. Eu só não sabia que minha vida louca podia me ensinar a varrer terreiro e lavar louça, coisa que eu nunca quis fazer na vida”.
O observo aqui ele ensinando a um recém chegado onde deve ser colocado o lixo recolhido. Ele já não é mais tão arredio quanto antes. Não tenta fumar escondido dentro da casa e até vigia os que tenta fumar folhas seca.
Sua simpatia consegue aproximar até mesmo os que estão aqui procurando apenas uma oportunidade para ir embora. Seu jeito bruto já não mais espanta, pois ele hoje consegue se permitir ser o homem de bem que as drogas conseguiram esconder dentro dele mesmo.
Eu continuo aqui sentado, sentindo a brisa. Continuo olhando as folhas caindo e um certo grupo já reclamando da natureza, pois acabara de varrer embaixo das mangueiras gigantescas que tem no terreno. Mas também continuo escutando vozes dizendo: “Tem nada não! Deixa cair! Nós tamos aqui pra apanhar!”.
Essas vozes soam diferente nos ouvidos dos que ainda não querem ou não conseguem se submeterem ao tratamento. Ainda não conseguem se renderem ao processo de terapia ocupacional para minimizar a vontade de estar na rua, perto das drogas e dos que delas usam. E enquanto essa voz soar estranhamente em seus ouvidos, mui lamentavelmente a recuperação se distancia.
Entretanto, aos que conseguem escutá-la tão suavemente quanto o canto dos pássaros que cantam nos pés de manga, sua recuperação, só por hoje, será possível.
 “Qualquer adicto que tenha o desejo de parar de usar drogas, pode parar de usar, perder o desejo de usar e encontrar uma nova maneira de viver...”.
Essa maneira de viver está diretamente condicionada com seu grau de rendição e renúncia, pois aqueles(as) que ainda alimenta qualquer esperança de controlar seu uso e/ou não consegue se entregar inteiramente ao processo do tratamento, infelizmente essa reserva irá levá-lo a loucura e a morte prematura.
Só por hoje, eu não quero usar drogas e não irei usar drogas.
Só por hoje continuarei voltando. Só por hoje continuarei sendo grato pela minha recuperação e minha gratidão fala quando me importo e compartilho com os outros o caminho de NA.
Um forte e carinhoso abraço!
Que o Poder Superior, em Sua infinita bondade, nos conceda o direito de reconhecer, aceitar e realizar a Sua Vontade em todas as nossas épocas e lugares, para que só assim, possamos ser merecedores de Suas Dádivas, como saúde, paz, serenidade e sobriedade.
Eu continuo sendo o Júnior, um adicto em recuperação, Limpo, Só Por Hoje.

TAMUJUNTU.

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